Na tarde de quinta‑feira, um tiroteio escolar Sobral chocou a população da capital cearense. Dois adolescentes, de 16 e 17 anos, foram atingidos mortalmente quando indivíduos abriram fogo a partir da calçada da instituição, atingindo alunos que estavam no estacionamento. Três jovens – um de 16 e dois de 17 – ficaram feridos e foram encaminhados a hospitais regionais para tratamento.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, os atiradores dispararam várias vezes enquanto permaneciam na calçada, mirando automaticamente quem passava. Após os tiros, os suspeitos fugiram em duas motocicletas, permanecendo foragidos até o momento da publicação.
Durante a ação policial no local, foram encontradas pequenas bolsas de droga, uma balança de precisão e material de embalagem, itens típicos de operação de tráfico de entorpecentes. Um dos adolescentes feridos já figurava nos registros da polícia, respondendo por homicídio, roubo e porte ilegal de arma de fogo.
O governador do Ceará, Elmano de Freitas, classificou o ataque como “o evento mais grave e intolerável”, registrando pesar profundo e ordenando que a Secretaria de Segurança Pública deslocasse seu comando ao município para intensificar a investigação e fazer reforços policiais. O ministro da Educação, Camilo Santana, utilizou as redes sociais para cobrar união e reforçar a necessidade de manter escolas como “espaços sagrados de paz e acolhimento”.
O episódio se soma a um histórico recente de violência em Sobral. Em 2022, um estudante abriu fogo contra três colegas na mesma cidade, matando um deles. Esses episódios revelam a fragilidade da segurança em ambientes educacionais, principalmente em regiões onde o tráfico de drogas tem avançado rapidamente.
O estado do Ceará aparece como o terceiro com maior taxa de homicídios no Brasil, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em 2024, foram registrados 37,5 mortes violentas a cada 100 mil habitantes, um salto de 11 % em relação ao ano anterior. Essa escalada está vinculada ao crescimento de facções criminosas que, antes concentradas no Sudeste, expandiram suas rotas para o Nordeste, aproveitando a vulnerabilidade socioeconômica das áreas periféricas.
A presença de entorpecentes e equipamentos de pesagem no cenário do tiroteio indica que o crime pode estar relacionado a disputas territoriais entre gangues que controlam o tráfico de cocaína e maconha. A conexão entre violência armada e comércio ilícito de drogas tem sido apontada por especialistas como a principal causa do aumento dos índices de homicídios nos últimos anos.
Autoridades locais lançaram uma operação de caça‑cães para localizar os motoristas das motos usadas no ataque. Até o momento, nenhum suspeito foi detido, mas a polícia intensificou o patrulhamento em rotas conhecidas de tráfico e aumentou a presença de unidades táticas nas escolas da região.
A comunidade de Sobral, ainda em choque, organizou vigílias e manifestações pedindo mais segurança nas escolas e maior investimento em políticas sociais que reduzam a atração dos jovens para o crime. Organizações não governamentais locais têm cobrado projetos de prevenção ao uso de drogas e programas de inserção laboral, apontando que a solução passa também por oportunidades econômicas, além da repressão policial.
Enquanto as investigações prosseguem, a população aguarda respostas concretas sobre o motivo do ataque e a identidade dos autores. A pressão sobre o governo estadual aumenta, e especialistas alertam que, sem mudanças estruturais, episódios como esse tendem a se repetir, perpetuando o clima de medo nas escolas cearenses.
Escreva um comentário