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Novela "Três Graças" estreia na Globo e gera polêmica nas redes
21out
eliezer ojeda

Quando Aguinaldo Silva, veterano da TV Globo, anunciou a volta ao horário nobre, o público percebeu que algo grande estava por vir. A estreia aconteceu na segunda‑feira, 20 de outubro de 2025, às 21h15, logo após o Jornal Nacional, marcando o retorno do escritor ao "novela das nove" após décadas. A trama, batizada Três Graças, já está gerando debates acalorados sobre representatividade, críticas sociais e, claro, a qualidade da música tema.

Contexto de criação e equipe

Por trás da novela, Virgílio Silva e Zé Dassilva completam a seara de roteiristas que ajudaram a moldar o enredo. A direção artística ficou a cargo de Luiz Henrique Rios, que trouxe um visual que mistura o clássico e o contemporâneo, refletindo a própria dualidade da trama.

Detalhes da trama e personagens principais

A novela gira em torno de uma escultura neoclássica, As Três Graças, avaliada em mais de um milhão de dólares. A peça serve de esconderijo para o dinheiro ilícito gerado por um esquema de falsificação de medicamentos de alto custo, operado pela Fundação Ferette.

O vilão sofisticado, Grazi Massafera, interpreta Arminda — "cruel na dose certa", com ironia afiada e um toque de loucura que a transforma em um ícone de antagonismo. Ao seu lado, Santiago Ferette faz o papel de benfeitor aparentemente intocável, mas que esconde um império de contrabando.

O coração da história são três gerações de mulheres determinadas: Dira Paes como Gerluce, cuidadora da idosa Josefa (interpretada por Arlete Salles) e peça chave para revelar os segredos da escultura; Sophie Charlotte na pele de Joélly, que decide manter a gravidez sem divulgar o pai; e Alana Cabral, a geração mais jovem, simbolizando a esperança e a rebeldia.

Além desses, participam Luísa Sonza como Viviane, Gabriel Braga Nunes como Edilberto — cujo ato violento de atropelar Misael (Rafael Primot) foi um dos momentos mais impactantes da segunda noite de estreia — e Camila Pitanga como Lorena, observadora crítica da própria família.

Reações do público e críticas especializadas

A abertura, com a música "Clareou" interpretada por Thiaguinho e Negra Li, atraiu elogios e pedidos de mudança nas redes X. Comentários como "Amei a abertura, Glô, tá um luxo" coexistiram com petições por versões alternativas de Diogo Nogueira ou mesmo a clássica "Maria Maria" de Milton Nascimento, cantada por Elis Regina.

Críticos da Correio Braziliense destacaram a mistura de crítica social, romance e crime, chamando a obra de "Brasil de Aguinaldo: vibrante, excessivo, trágico e belo". Já o TV Prime ressaltou o retorno inesperado de Rogério — marido de Arminda que foi dado como morto — como ponto de virada que promete reorganizar alianças e criar novas tensões.

Impacto social e representatividade

Impacto social e representatividade

Um dos alvos de elogio foi a representatividade trans presente na série, um passo importante para a TV aberta. Além disso, a trama coloca em evidência as dificuldades das mães solteiras, tema que vem ganhando visibilidade nas discussões de políticas públicas em São Paulo. A crítica de que a novela consegue ser popular sem ser rasa, estética sem ser fria, e política sem ser propaganda foi consenso entre os analistas de mídia.

Ao abordar a falsificação de medicamentos — um problema real que afeta milhares de brasileiros — a novela abre espaço para o debate sobre a responsabilidade das instituições filantrópicas e a vulnerabilidade de pacientes dependentes de tratamento caro.

Próximos capítulos e expectativas

Com a promessa de que Rogério (cujo retorno será revelado nas próximas semanas) trará uma reviravolta "dramática", a expectativa está em alta. Os fãs especulam se ele se aliará a Arminda ou buscará vingança. Enquanto isso, a gravidez de Joélly permanece um ponto de suspense, já que a identidade do pai ainda é desconhecida.

Especialistas de audiência apontam que a trama tem potencial para superar a média dos horários nobres, graças ao mix de drama familiar, thriller criminal e crítica social. Se a novela mantiver essa combinação, pode redefinir o padrão de produção para a TV aberta nos próximos anos.

Perguntas Frequentes

Como a trama de "Três Graças" aborda a falsificação de medicamentos?

A série mostra a Fundação Ferette como fachada para vender remédios falsificados a preços abusivos. Isso reflete casos reais no Brasil, onde pacientes vulneráveis são enganados por farmácias duvidosas, gerando debates sobre regulação e fiscalização.

Quem são as protagonistas e que gerações representam?

Dira Paes (Gerluce) representa a avó, Sophie Charlotte (Joélly) a mãe, e Alana Cabral a filha. Essa dinâmica permite explorar conflitos intergeracionais, desde a tradição familiar até os desafios modernos das mães solteiras.

Por que a música tema gerou controvérsia?

"Clareou" com Thiaguinho e Negra Li dividiu opiniões porque parte do público quer ouvir a versão original de Diogo Nogueira ou o clássico de Milton Nascimento. Nas redes, usuários criaram petições, mostrando como a abertura de novela ainda mobiliza audiências.

Qual a importância da representatividade trans na novela?

A inclusão de personagens trans em horário nobre amplia a visibilidade de minorias e sinaliza um avanço na pauta de diversidade na TV aberta, algo ainda raro em produções de grande audiência no país.

Quando o marido de Arminda deve retornar à trama?

Segundo informações do TV Prime, o retorno de Rogério está previsto para as próximas duas semanas, prometendo mudar radicalmente o equilíbrio de poder entre Arminda e a Fundação Ferette.

1 Comentários

Glauce Rodriguez
Glauce Rodriguezoutubro 21, 2025 AT 21:59

Não se pode ignorar o fato de que a Globo, ao ressuscitar Aguinaldo Silva, está mais interessada em perpetuar um modelo antiquado do que em inovar. A tentativa de abordar questões sociais parece meramente estética, como se a profundidade fosse um adereço opcional. Portanto, a esperança de que “Três Graças” eleve o padrão televisivo se mostra ilusória.

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