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Tarcísio debate tarifas de Trump com diplomata americano em meio a alerta de impacto econômico
13jul
Ezequiel Almeida

São Paulo pressiona por diálogo após ameaça de tarifas americanas

Bastou Donald Trump anunciar sua proposta de tarifa de 50% nas exportações brasileiras para o governo paulista entrar em campo. O governador Tarcísio de Freitas não esperou sequer agosto chegar: buscou rapidamente uma conversa direta com Gabriel Escobar, representante máximo da embaixada americana no Brasil naquele momento. O encontro, realizado em Brasília, nem tentou disfarçar sua urgência. A preocupação tem nome e endereço: São Paulo, maior exportador brasileiro para os EUA, sentiria o golpe antes de todo mundo.

Da fábrica de automóveis no ABC à plantação de soja no interior, a possível taxação prometia respingar em várias cadeias produtivas. Os setores industrial e agrícola são motores do PIB paulista, além de empregarem milhões de pessoas. Não à toa, entidades empresariais já preparavam dossiês com cálculos de prejuízo bilionário.

Do embate político à necessidade de negociação

Do embate político à necessidade de negociação

No início, Tarcísio usou as redes sociais para responsabilizar Brasília. Segundo ele, a iniciativa de Trump seria uma reação ao governo Lula, especialmente devido à condução do processo contra Jair Bolsonaro e à agenda de regulação da internet debatida no Congresso. Para reforçar o argumento, escreveu: “A responsabilidade está com quem governa”.

Só que a pressão das associações industriais e agropecuárias mudou o tom. O temor de fábricas fechando e exportadores cortando contratos fez Tarcísio recalcular. Ele começou a pedir esforços diplomáticos, defendendo o canal de conversa direta com as autoridades americanas. “Precisamos entender as consequências para as empresas dos dois lados”, afirmou.

O anúncio da tarifa não só mexeu com quem exporta. Milhares de pessoas tomaram as ruas na região central de São Paulo, não só contra Washington, mas com faixas pedindo reformas tributárias que taxem mais os super-ricos. O movimento evidenciou como a relação comercial entre Brasil e EUA afeta o debate econômico doméstico.

O motivo alegado para as tarifas também foi motivo de insatisfação. Segundo Trump, o pacote seria resposta às ações judiciais contra Bolsonaro, além de críticas ao controle sobre plataformas digitais proposto pelo governo federal. Para empresários paulistas que dependem do comércio exterior, a ligação de questões políticas internas brasileiras com taxação comercial americana soou como chantagem.

O governo paulista, sob Tarcísio, tenta evitar que a situação evolua para uma guerra comercial. O foco agora é trabalhar com o Itamaraty para convencer Washington a recuar. O argumento central é mostrar que as tarifas prejudicam, acima de tudo, empresas americanas instaladas no Brasil ou que dependem de insumos nacionais, além de aumentar preços para consumidores dos EUA.

Enquanto a contagem regressiva para 1º de agosto continua, todo o ambiente de negócios paulista entrou em alerta máximo. Setores como o de máquinas, veículos, proteínas animais e commodities esperam que as negociações avancem rápido, já que para muitos deles os EUA são o maior ou segundo maior destino das exportações. O impacto das tarifas Trump vira, assim, um teste para a capacidade de articulação e influência do governo paulista no cenário internacional.

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